Janeiro de 2018. Ano de Copa do Mundo e economia em recuperação.

Esses dois motivos foram mais do que suficientes para a indústria da linha marrom, que inclui televisores, elevar em 47% a produção no primeiro trimestre deste ano sobre igual período de 2017, de acordo com dados do IBGE.

A menos de um mês do maior campeonato de futebol do mundo, a expectativa de uma das maiores redes de eletroeletrônicos do país é que vai sobrar TV em 2018.

Com 257 lojas espalhadas pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, a Lojas Cem está vendendo 30% menos televisores do que o previsto.

“A produção está maior do que a demanda, vai sobrar TV. A não ser que haja uma surpresa, uma corrida às lojas na última hora”, diz José Domingos Alves, supervisor geral da rede.

As vendas começaram a esfriar no segundo trimestre deste ano. Se continuar no ritmo em que está, o varejo deve vender menos do que em 2017, de acordo com Alves.

“Pode ser que o setor de vestuário reaja com a queda de temperatura, mas, de forma geral, o que temos visto é novamente uma retração no consumo”, afirma.

A troca do sistema analógico para o digital, que forçou a renovação do parque instalado de TVs há cerca de dois anos, pode ser um motivos da falta de disposição do brasileiro para a compra de novos aparelhos.

Outro motivo, na avaliação de Alves, é simplesmente a falta de dinheiro nas mãos dos consumidores, como se reflete nos dados de inadimplência.

A Lojas Cem identificou um aumento entre 10% e 12% no atraso no pagamento das prestações nos últimos seis meses.

O atraso de até 180 dias representava entre 4% e 4,5% da carteira de financiamento da rede há um ano. Hoje, entre 5% e 5,5%.

“É uma das mais altas taxas já registradas. Essa tendência é preocupante. E o mercado já fala em muito mais do que isso”, diz.

Há uma insegurança no mercado em relação à economia, aos candidatos à presidência do país, de acordo com Alves.

“Tudo isso gera uma insegurança no mercado. Agora veio essa paralisação do transporte, e ninguém sabe quanto isso vai gerar de reajuste no combustível.”

CALOTE

Desde dezembro do ano passado, o cliente pode ser negativado, após ser informado de forma clara sobre essa possibilidade.

Até então, o consumidor precisava recebe uma carta com aviso de recebimento (AR), modalidade que exige a assinatura de quem a recebe no endereço do destinatário.

Hoje, verificada a inadimplência, a loja pode realizar a negativação do consumidor inadimplente aos órgãos de proteção ao crédito, assim que informar a pessoa por meio de uma carta simples.

“Isso pode ter ajudado a elevar a inadimplência. Imagina um consumidor com dívidas em várias empresas, que só pagava em dia na Lojas Cem. Agora, com o nome no Serviço de Proteção ao Crédito, ele não consegue comprar mais. A tendência é ele ir balanceando o pagamento das dívidas nas várias lojas.”

Por enquanto, diz ele, a rede está administrando “muito bem” a inadimplência, mas está preocupada com a tendência, assim como todo o setor de varejo.

A esperança dos lojistas é que, se a seleção brasileira se sair muito bem no início dos jogos, o consumidor também se anime e volte a gastar um pouco mais.

Escrito por Fátima Fernandes

Jornalista especializada em economia, negócios e varejo

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