A moda feminina do verão europeu, reflexo do que se vê nas lojas e ruas de Londres, evidencia uma forte tendência: tudo é permitido.
Longe de significar uma anarquia, as propostas captam as necessidades da vida urbana e tentam simplificar a rotina das pessoas, atendendo a diferentes gostos e estilos.
Patrícia Amiky Maluf, consultora de imagem e produtora de moda, acaba de voltar de Londres e faz suas observações sobre o que vê por lá.
O tênis ganhou relevância na moda, diz ela, podendo ser usado de manhã e à noite, acompanhando tanto roupas esportivas e casuais como para festas e baladas.
Aliás, algo improvável até pouco tempo atrás.
Eles aparecem em composições variadas, tanto em cores neutras, como a prata, até as mais vivas. E os solados variam em altura e espessura.
Entre outras propostas marcantes, Patrícia destaca a presença de peças assimétricas, compondo looks interessantes, ao lado de modelos mais “comportados”.
Peças largas ou ajustadas e curtas ou compridas permitem à consumidora uma escolha adequada para o seu tipo.
A cartela de cores mais usadas inclui o preto, o branco (inclusive os listrados) e as neutras ou suaves, como o azul.
Mas às vezes, em contraponto, podem irromper padronagens mais ousadas e tecidos com tramas inusitadas, que fazem a alegria das mulheres mais ‘antenadas’.
Além das misturas de composições e estilos, as transparências chamam a atenção, bem como modelos que introduzem os desfiados em peças que a consultora classifica como “muito lindas”.
Com o olhar treinado de especialista, Patrícia considera que todas as tendências vistas se adaptam perfeitamente às marcas fast fashion, que nas vitrines de Londres exibem a releitura desse estilo mais livre e moderno, adaptando-o ao bolso do consumo mais popular.
Um bom exemplo são as pantacourts.
Criadas por estilistas famosos, as pantacourts “pegaram”, diz ela, e são vistas por toda a parte. Caem muito bem com tênis e com jaqueta, especialmente as de couro.
Para o verão brasileiro, essas tendências estão todas sinalizadas.
“Vamos ver isso na chamada modinha, na roupa fast fashion. O que não é bonito, neste caso, é errar a mão e deixar o modelo muito detalhado, isto é, com excesso de informação”, diz.
Como, por exemplo, sobrecarregar uma peça usando recortes, bordados ou ilhoses ao mesmo tempo.
Há de ter espaço para algo mais limpo, para uma beleza mais minimalista, que valoriza a ideia por trás da criação, mesmo na pegada mais popular.
Numa visão mais ampla do mercado da moda, Patrícia aponta a busca da qualidade em detrimento da quantidade como a tendência maior do consumo.
Um movimento que já começou mundo afora e que tende a ganhar força daqui para a frente.
As linhas mestras dessa mudança são evitar o desperdício e centrar na versatilidade das peças, apostando nas várias possibilidades que oferecem, sem perder a elegância.
Por exemplo, usar uma jaqueta de ginástica estilosa, que dá para ir a um show noturno.
Transformar um casaquinho em colete ou uma calça em bermuda, apenas tirando o zíper que fecha as peças.
Aos poucos, não será mais preciso encher o armário com tanta variedade de modelos.
Mas ter apenas o essencial e abandonar a obrigação de não repetir roupa, colaborando, no limite, para a construção de um mudo sustentável.
Atitudes que não se referem apenas a uma evolução do universo da moda, mas que abarcam também uma profunda mudança comportamental.
Uma tarefa difícil, sem dúvida, mas que pode ser entendida e aprendida pelo consumidor atento e esperto de nossos dias.
Fotos: Patrícia Amiky Maluf
Lucília Atas Medeiros, jornalista, escritora e cineasta, especial para o varejoemdia.