Há cerca de uma década, o Brasil parecia um terreno fértil para as grifes de luxo estrangeiras.

O mercado de relógios suíços, por exemplo, chegou a movimentar cerca de R$ 1,2 bilhão por ano por aqui, com a presença de aproximadamente 30 marcas.

Altos impostos e insegurança econômica e política reduziram este número para algo perto de R$ 400 milhões anuais, de acordo com Freddy Rabbat, diretor da TAG Heuer no país.

“Este é o tempo mais desafiador para o mercado de luxo dos últimos 30 anos no Brasil”, diz ele, que trouxe a grife alemã Montblanc para o país e depois vendeu a operação para a matriz.

A compra de artigos de luxo, diz ele, tem muito a ver com o ambiente em que se vive.

Mesmo com muito dinheiro para gastar, o cliente com maior poder aquisitivo deixa de comprar quando as notícias ao seu redor são ruins. “É o que está acontecendo hoje por aqui.”

Dezenas de grifes estrangeiras estão saindo do Brasil e outras estão reavaliando o mercado brasileiro para operar por meio de parcerias locais.

“As marcas acabam ganhando mais vendendo fora para brasileiro que viaja. Os impostos no exterior são menores. Enquanto isso, o Brasil perde consumidores, lojas, divisas, impostos e empregos.”

O mercado de relógios de luxo está crescendo no exterior. A Suíça exporta cerca de US$ 7,1 bilhões de relógios para o mundo, com crescimento anual que varia de 3% a 10%.

O Brasil tem potencial, de acordo com Freddy, para importar da Suíça US$ 140 milhões anuais de relógios, mas esse número está ao redor de US$ 22 milhões.

Das dezenas de marcas de relógios suíços que já estiveram no Brasil com loja exclusiva, hoje restam menos de dez.

Algumas das que resistem são: Rolex, Omega, Cartier, Montblanc, IWC, Panerai,  Jaeger-  LeCoultre e TAG Heuer.

A TAG Heuer possui duas lojas no Brasil, uma no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, e outra no shopping Village Mall, no Rio de Janeiro.

A ideia de Freddy era abrir mais uma loja da marca em São Paulo neste ano.

“Não vamos abrir mais. Enquanto as mudanças necessárias para melhorar o ambiente no país não forem feitas, os investimentos vão ficar parados”, diz Freddy.

Escrito por Fátima Fernandes

Jornalista especializada em economia, negócios e varejo

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