Um assunto bastante debatido no universo da prevenção de perdas é como avaliar os investimentos realizados nessa área, principalmente me equipamentos e tecnologia.
A importância da prevenção de perdas e o impacto que elas causam nos lucros das empresas é de conhecimento da maioria dos varejistas que talvez não invistam mais por ainda terem dúvidas na forma de avaliar o retorno.
Existem dois caminhos para a implantação de tecnologias de prevenção de perdas no varejo, o mais conhecido e tradicional é através da aquisição direta dos equipamentos, também conhecido como CAPEX – Capital Expenditure.
O outro modelo, que vem ganhando bastante força nos últimos anos, é a locação ou leasing operacional dos equipamentos, chamado OPEX – Operational Expenditure.
Embora no final do dia o varejista tenha a mesma tecnologia de redução de perdas em suas lojas (CFTV, EAS, vídeo analíticos, etc.), a forma de avaliar os resultados é bem distinta:
CAPEX
A maneira mais usada para avaliar o investimento em ativos fixos é chamada de ROI ou retorno sobre o investimento. Para calcular basta dividir o valor total do investimento, pelo benefício auferido mensalmente.
O ROI nos diz, portanto, quantos meses levará para que o investimento feito antecipadamente retorne ao caixa da empresa. Grosso modo, para valer a pena, o prazo de retorno sempre tem que ser menor que o tempo de vida útil dos equipamentos que estão sendo adquiridos.
Como o investimento ou CAPEX é feito primeiro para que o resultado venha depois, quanto mais rápido for o ROI, menor será o risco. Embora essa condição seja desejável, nem sempre é possível, principalmente para investimentos maiores.
Um grande desafio desse modelo é que ele compromete antecipadamente o caixa ou eleva o endividamento da empresa, para obter os resultados à médio e longo prazos.
Em muitos casos, mesmo com resultados comprovadamente favoráveis, o investimento pode ser adiado ou cancelado em virtude de outras demandas mais imediatas, mesmo que menos rentáveis.
Outra questão importante é que as tecnologias avançam cada dia mais rápido, tornando os equipamentos obsoletos mais cedo. Eles continuam funcionando, porém com performance ultrapassada.
OPEX
Para avaliar o investimento na locação ou leasing operacional, o método é completamente diferente pois tanto o custo como o benefício ocorrem no presente. Não se trata, portanto, de um retorno futuro de um investimento realizado antecipadamente.
Para esse modelo, a forma de avaliar é simples e direta: a redução de perdas mensais deve ser maior que o valor pago pela locação dos equipamentos. A hipótese de viabilidade é confirmada de imediato, não dependendo de expectativas futuras.
Fazendo uma comparação, no modelo OPEX, o valor mensal da locação dos equipamentos se assemelha ao break even point de uma operação, que deve ser superado pela redução das perdas para que valha a pena para o varejista.
Uma das principais vantagens desse modelo é a preservação dos recursos no caixa da empresa, além da possibilidade de manter o parque de equipamentos sempre atualizado, uma vez que não há aquisição definitiva da tecnologia, que invariavelmente se tornará obsoleta com o tempo.
EM COMUM
Para medir os resultados tanto no modelo CAPEX como OPEX é indispensável a realização de cálculos corretos sobre o quanto os equipamentos efetivamente reduzem as perdas nas operações.
A forma mais conhecida e recomendada para avaliar as perdas é a realização frequente de inventários e auditorias nos principais processos.
Métodos como inventários rotativos (produtos de maior risco) e monitoramento utilizando analíticos de vídeo, permitem medir com maior precisão os resultados e validar os recursos destinados à prevenção.
Quanto mais detalhadas e atualizadas forem as informações sobre as perdas, mas objetivo se torna o processo de avaliação dos investimentos em perdas no varejo.
Gustavo Carrer é head de desenvolvimento de negócios na Gunnebo e editor do portal varejoemdia.com
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no portal Newtrade.