Diante de tantas incertezas sobre o futuro da economia no país e no mundo, qualquer sinal de tendência pode ajudar o empresariado a tocar o seu negócio. Eis algumas pistas.
No mundo do varejo, a concentração e competição devem aumentar, a rentabilidade deve ficar igual ou diminuir, e o e-commerce, disparar, num prazo de três anos.
Esses movimentos foram identificados em levantamento realizado pelo Centro de Excelência em Varejo (FGVcev) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Em conjunto com a Gouvêa Experience, foram consultados, no segundo semestre de 2020, quase 600 profissionais ligados ao varejo, de fundadores e presidentes a diretores e gerentes.
Para 79,1% deles, a competitividade entre as empresas deve aumentar, assim como a concentração (para 57,2% deles). Para 75,2%, a rentabilidade deve ser mantida ou diminuir.
“De fato, ao mesmo tempo em que o comércio eletrônico amplia o mercado de atuação das empresas, aumenta também a concorrência”, diz Fábio Bentes, economista da CNC.
A rentabilidade do setor, diz ele, tende a ser menor, considerando que o varejo digital, em expansão, já possui rentabilidade menor do que a do físico.
Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, o aumento da concentração e da competição já se vê com a expansão da Americanas e do Magazine Luiza.
“Quanto maior a concorrência, menor as margens”, afirma ele.
Os varejistas acreditam que o ecossistema de negócios da Amazon e do Alibaba terá presença no Brasil, de acordo com Maurício Morgado, autor da pesquisa e coordenador do FGVcev.
“O Magazine Luiza e o Mercado Livre representam este movimento”, afirma.
Para a maioria dos ouvidos, os efeitos da Covid-19 devem perdurar por um bom tempo, podendo desorganizar a estrutura de alguns setores do varejo.