Um dos maiores desafios das empresas é reduzir as perdas durante o processo de produção, no caso de indústrias, ou de distribuição, no caso dos atacados e do varejo.

No topo da lista dos setores que mais registram perdas estão os supermercados: R$ 7,11 bilhões em 2016, de acordo com a Abras (Associação Brasileira de Supermercados).

Esse número representou 2,1% do faturamento conjunto das empresas em 2016, da ordem de R$ 339 bilhões. Não é pouco.

Naquele mesmo ano, a margem de lucro líquido das empresas foi da ordem de 1,85% sobre o faturamento, ou algo próximo de R$ 6,3 bilhões.

As perdas do setor, portanto, superaram em quase R$ 1,5 bilhão o lucro líquido total das redes, no período. E há anos tem sido assim, o que também deve ter se repetido em 2017.

Se somar às perdas dos supermercados, as de setores como construção civil, magazines, drogarias e etc., centenas de bilhões de reais, facilmente, vão para o ralo anualmente.

Com o objetivo de unir esforços para reduzir as perdas e, como consequência, elevar os ganhos das empresas, um grupo formado pelas maiores redes de varejo do país decidiu criar a Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe).

Grupos de empresários para discutir prevenção de perdas existem faz tempo. O primeiro deles foi criado dentro do Provar (Programa de Administração de Varejo), da Fundação Instituto de Administração (FIA/USP), na década de 90.

O que a nova associação quer é que o tema faça parte de decisões estratégicas das empresas.

“Percebe-se hoje que perdas têm foco operacional, especialmente nas empresas médias”, afirma Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe.

A Abrappe nasce com aproximadamente 500 sócios dos mais variados setores, como construção civil, farmácias, moda, supermercados, magazines.

Levantamento da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo) divulgado no final do ano passado mostrou que a perda média do varejo sobre a receita foi de 1,32%, em 2016.

O setor de supermercado ficou em primeiro lugar, com percentual de 1,97%, seguido por construção civil (1,62%), magazines (1,18%), drogarias (0,97%), livrarias (0,96%), moda (0,94%), calçados (0,75%) e eletromóveis (0,29%).

As maiores perdas, no caso de supermercados, estão no setor de perecíveis, de acordo com a SBVC.

Na seção de padaria e confeitaria, as perdas chegam a 5,50%, na de frutas, legumes e verduras, a 5,23% e, na de peixaria, a 4,66%.

As principais causas das empresas em geral são quebras operacionais, furtos e erros administrativos.

Roubo de carga também é citado como uma razão importante para elevar as perdas.

A nova associação quer discutir todos os pontos que envolvem as perdas, inserir o assunto em eventos de varejo, disseminar a cultura para prevenção e a troca de experiências.

“É muito mais fácil para uma empresa aumentar a rentabilidade com redução de perdas do que elevar as vendas, que dependem de vários fatores.”

Nem sempre, afirma ele, o aumento de vendas é capaz de elevar a rentabilidade de uma empresa.

 

Escrito por Fátima Fernandes

Jornalista especializada em economia, negócios e varejo

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