Confira aqui, toda a semana, histórias curiosas sobre o varejo no Brasil e no mundo.

Os hipermercados começaram a marcar presença em planos e projetos do varejo brasileiro na segunda metade da década de 1960.

Da teoria para a prática, o pioneirismo no setor foi reivindicado pela Eletroradiobraz com a inauguração, em 8 de setembro de 1970, de sua unidade na rua das Palmeiras, 359-385, em Santa Cecília, na região central de São Paulo.

A loja oferecia 50 mil itens – “desde um cigarro de chocolate até um pneu”, diziam anúncios publicados na antevéspera em jornais locais – e funcionava diariamente das 8h às 22h, exceto aos domingos, quando cerrava as portas às 13h.

A briga esquentou nos semestres seguintes com as aberturas de lojas pretensamente do gênero por concorrentes como Pão de Açúcar, Peg-Pag e Eldorado.

Os estudiosos do varejo consideram, contudo, que os brasileiros só conheceram o primeiro hipermercado nativo, de fato e de direito, há 44 anos – mais precisamente em 7 de junho de 1974, com o início das operações do Ultracenter, da Ultralar, na zona sul de São Paulo.

“Está inaugurado, na Marginal Pinheiros, logo após a ponte do Morumbi, o Ultracenter, o mais moderno hipermercado da América Latina e o primeiro de uma rede a ser instalada em São Paulo”, comunicou a empresa em anúncios divulgados naquele período.

Foto 3 (1).PNG

Cardápio eclético: o Ultracenter oferecia 20 mil itens de produtos

Situada na esquina da avenida das Nações Unidas com a rua Verbo Divino, a loja, que permanecia aberta das 8h às 22h, inclusive aos domingos, apresentava indicadores grandiosos para a época.

Com 8.860 metros quadrados de área de vendas, 35 checkouts e estacionamento para 2 mil veículos, dispunha de restaurante, lanchonete, banca de jornais, floricultura e um espaço para o serviço de crediário, que permitia o parcelamento em até 24 prestações.

Os 20 mil itens oferecidos nas gôndolas, o equivalente a apenas 40% do cardápio do hiper da Eletroradiobraz, demonstravam que a estratégia do negócio – em estrita observância ao conceito básico dos hipermercados, surgidos 40 anos antes nos Estados Unidos – era obter generosos descontos dos fornecedores, por meio da compra em grande escala de poucos itens, para repassá-los aos consumidores.

A novidade seduziu os paulistanos. Segundo dados divulgados, no início do ano seguinte, pela Ultralar, em seus três primeiros dias de atividades, o estabelecimento faturara cerca de Cr$ 4 milhões, o equivalente a US$ 605 mil.

A média de 150 mil clientes por mês, entre junho e dezembro, garantira receitas por volta de Cr$ 14 milhões a cada 30 dias.

O Ultracenter era, enfim, sucesso de crítica e público. Animada, a Ultralar já fazia planos para multiplicar o projeto por São Paulo, mas ficou só na vontade.

A chegada de um novo e robusto competidor ao mercado local, em 1975, mudaria para sempre a trajetória do primeiro hiper brasileiro digno deste nome, como veremos na próxima semana.

Dario Palhares, jornalista e escritor, especial para o varejoemdia

Escrito por varejoemdia

Somos os editores do varejoemdia

Deixe um comentário